Resgatando e restaurando a nossa antiga arquitetura!
É difícil não imaginar que o DNA artístico e intelectual não influencie o trabalho de uma arquiteta que tem se destacado em projetos de restauração e ‘retrofit’ de prédios e residências antigas em Guaratinguetá e região. Filha do casal Thereza e Tom Maia, autores de 51 livros sobre a memória e arquitetura brasileira publicados no Brasil e outros quatro em Portugal, Regina de Camargo Maia Galvão não apenas conhece como também vivenciou boa parte dessa história.
Nascida em Guaratinguetá, cresceu em um solar do século XIX cercada de móveis e objetos de três gerações da família. Hoje em dia, casada com Leonardo Oliveira Galvão e mãe de Maria Thereza e Pedro – reside na “casa onde nasceu Frei Galvão”, reconstruída por ela em 1989. Hoje, um ponto turístico da cidade, já que Frei Galvão, patrono da Construção Civil, foi canonizado como o primeiro santo brasileiro.
Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Taubaté, acumula três pós-graduações – em Engenharia e Medicina do Trabalho, em São Jose dos Campos; em Metodologia e Didática do Ensino Superior; e ainda em Conservação e Restauro no Instituto Pachamama, com profissionais renomados na área de conservação, restauro e museologia. Conhecimentos que a levaram a ministrar aulas no Unifatea – Centro Universitário Tereza D’Ávila, em Lorena.
Como arquiteta, são muitos os projetos distribuídos pelo Vale do Paraíba – da Serra do Quebra Cangalha em Cunha à Serra da Mantiqueira, em São Bento do Sapucaí. Outros cruzam da Serra da Bocaina para o Sul de Minas. São trabalhos que incluem os comerciais como padarias, restaurantes, boutiques, consultórios, laboratórios, farmácia ou casas de eventos.
Nesses anos de experiência, são os projetos de restauração que, pela importância histórica e cultural, ganham mais visibilidade. Para citar alguns exemplos, temos a Fazenda São Francisco, no bairro da Posses em Guaratinguetá onde, segundo a arquiteta, “foi preciso encontrar um pintor que dominasse as tintas e a habilidade manual para refazer os bordados do rodateto e dos rodameios da casa toda, que variam entre flores e passarinhos”. Há, também, a Igreja Nossa Senhora da Conceição, em Lagoinha, do início do século XX. “Uma igreja totalmente feminina, com simbologia mariana espalhadas por suas paredes”, explicou Regina. Outro exemplo significativo é o restauro da Fazenda Neuchatel, em Guaratinguetá, que se encontrava em ruínas quando foi adquirida por um investidor norte-americano. “Foi uma fazenda muito importante no século XIX e se encontrava sem algumas paredes superiores e sem o telhado. Um casarão de inspiração francesa, com uma roda d’água de 5,00m de diâmetro totalmente recuperada. Hoje, o imóvel está totalmente restaurado e, para isso, periodicamente, entra em manutenção”, disse Regina sobre o local.
Nesse cenário profissional, surge ideia do ‘retrofit’ – termo que se refere ao processo de revitalização de edifícios antigos afim de preservar a arquitetura original e atualizar suas instalações de forma segura e sustentável. Sobre isso, a arquiteta explica sobre o processo. “Enquanto o centro urbano deixa os imóveis e terrenos caríssimos, pode-se “retrofitar” as casas de época mais afastadas do centro, entregando a elas novas propostas e funções”, disse ela. “Dessa forma, utiliza-se o que já existe, não se perde um imóvel de época, aproveitando a construção, barateando os custos e com um tempo de obra rápido”, explicou a profissional. Assim, todos ganham: o proprietário, o construtor e a cidade que terá seus imóveis inertes e renovados.
Nesse momento, está em andamento e quase finalizada, uma obra muito peculiar que se esconde, na mata da Bocaina, em plena Área de Preservação Permanente (APP). Respeitando as normas exigidas pela APP, há uma casa de pau a pique, com aproximadamente 50 anos que está sendo transformada em um requintado refúgio para um famoso músico brasileiro.
Regina Maia Galvão conclui sobre esse trabalho: “usando madeira nativa e certificada, a casa se aconchegou ainda mais à mata, adequando-se à necessidade do cliente e, com o manejo correto, sua durabilidade será estendida”.
Acompanhe o trabalho da arquiteta pelo Instagram: @retrofitreginamaia
