UMA IDEIA, UMA CASA E MUITAS HISTÓRIAS PARA LEMBRAR
No início dos anos 2000, Erasto Reis Filho, artista plástico dos bons, costumava promover vernissagens intimistas em sua própria casa, onde – entre vinhos e petiscos – vendia suas obras de técnica “óleo sobre tela” para amigos e amigos de amigos. Com o passar do tempo, esses encontros deixaram de ser tão intimistas, pois, com a notícia se espalhando, pessoas “de fora do grupo” foram descobrindo e se convidando para os tais “saraus culturais”. Foi quando surgiu a ideia de cobrar uma taxa para cobrir os gastos com bebidas e comidinhas. Neste cenário, surgiu a “Casa Ê” como bar e espaço cultural. Da porta para fora, está a Rua Francisco Santos Reis, batizada com o nome do bisavô de Erasto. Da porta para dentro, há lembranças familiares de seu tio avô mais ilustre: o compositor Dilermando Reis, considerado o violonista mais influente do Brasil e autor de dezenas de discos.
Cercada de referências familiares, a Casa Ê abria suas portas em julho de 2004 para, em tempo recorde, se transformar num point regional. Um fenômeno local, onde, em alguns momentos, formava-se fila de espera no lado de fora. Mesas e balcões lotados e disputados. Não era surpresa se, em algum momento, alguém levantasse e começasse a declamar poesia em voz alta. Ou se uma frequentadora de aparência tímida se revelasse uma excelente cantora lírica, arriscando, sob aplausos, uma aria de ópera. As filas que se formavam à porta não eram apenas para descobrir novos talentos na madrugada. Quem frequentou a casa teve oportunidade de ver e ouvir de perto violonistas de porte, como Giacomo Bartolone, Yamandú Costa, Paulo Porto Alegre enquanto a famosa violinista Badi Assad dançava e cantava. Os artistas locais também marcaram presença no local, como Rodrigo Chad, Júlio Ricarte, a soprano Cecília Simas ou o violonista Edmauro de Oliveira. O sucesso chamou a atenção do programa Vanguarda Mix que era apresentado por Geovanna Tominaga e Tiago Leifert na TV regional. A jornalista foi até a casa gravar a matéria “Balada Cultural” e entrevistar o idealizador da ideia e que foi ao ar como “Geovanna e o poeta”, aumentando ainda mais o movimento do espaço.
Passada a euforia dos anos 2000 e diminuída a sua frenética programação cultural, a Casa Ê cumpre, hoje, a sua vocação culinária. Erasto Reis, mestre dos pincéis, tela e paleta, aos 36 anos, é mestre também das caçarolas no fogão da casa, onde chefia a sua própria cozinha. Um bistrô com um pequeno cardápio com base nos risotos. Os destaques são os de “limão siciliano com barriga de porco assada”, além dos “Risoto de funghi com mignon”, “Risoto vegetariano de queijo com frutas secas e geleia de damasco” e ainda o “Linguini com molho branco, queijo e mostarda djon” como uma opção de massa. Entre os drinques, “João Gilberto” é uma caipiríssima de uva verde com Vodka Ciroc e pimenta rosa; mas tem também a caipirinha de cachaça Salinas, limão e rapadura. Acredite, há chás e licores caseiros ao som de piano, como pede uma casa antiga, relicário de muitas lembranças.
Casa Ê bistrô
Rua Francisco Santos Reis, 741
Bairro Pedregulho – Guaratinguetá
Instagram @casae_bistro
SÓ COM RESERVAS: (12) 98100-5484
Aberto todos os dias para o jantar